Cebes Debate: Alexandre Padilha o SUS como vetor de desenvolvimento do País

O ex-ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha e o secretário de Saúde do Estado do Espírito Santo, Nésio Fernandes, participaram do programa Cebes Debate tratando da construção de uma agenda para 2022 e dos grandes desafios que a Saúde vai enfrentar nos próximos anos. Padilha, que é hoje deputado federal, falou que há uma percepção inédita na sociedade brasileira da importância do SUS. Na sua opinião, há uma necessidade de fortalecimento do SUS em direção ao centro da agenda política e de desenvolvimento do país, a partir do enfrentamento da pandemia.

O ex-ministro salientou que também existe uma percepção em diversos países da América Latina e do mundo da necessidade do fortalecimento dos sistemas públicos universais, ao contrário do ambiente mundial hostil que havia na época da criação do SUS, quando o Brasil foi extremamente ousado.

Nesta visão, há uma oportunidade única, que combina a percepção da importância e a necessidade objetiva e concreta no plano nacional, além de uma onda internacional que abre a possibilidade de um debate sobre o fortalecimento dos sistemas nacionais públicos de saúde.

Para ele, o momento é especial para se fazer um novo pacto político, que só vai acontecer se forem obtidas respostas concretas, a partir do SUS, para três problemas urgentes sob o ponto de vista da saúde:

Alexandre Padilha complementou, afirmando que o Brasil não vai superar estes desafios se não potencializar, ao máximo, o que existe no país de capacidade instalada do complexo econômico e industrial da saúde. O ex-ministro ressaltou a necessidade de uma grande agenda para ampliar a produção de tecnologia e inovação tecnológica, medicamentos, insumos e serviços, além do fortalecimento da formação profissional para dar conta de uma agenda de inovação nesse complexo.

Com relação ao Congresso, o ex-ministro afirma que uma das primeiras tarefas é recuperar o papel das comissões para fiscalizar a atuação do governo federal em relação à Covid-19, retomando a comissão externa na Câmara debatendo a retomada da CPI no Senado. Esse debate, segundo Padilha, tem que ser feito devido ao conjunto de ilegalidades que continuam sendo cometidas pelo governo federal, contribuindo para o desprezo da vida e que precisam ser enfrentadas, “inclusive questionamento em relação à Procuradoria Geral da República e ao judiciário, porque não deram encaminhamento aos crimes já listados pela CPI” disse Padilha.

O Secretário de Saúde do Espírito Santo seguiu na mesma linha, mas abordando a necessidade de suplementar o orçamento da saúde para os próximos anos, com condições para garantir toda uma reformulação do sistema de saúde, no ritmo e na expectativa das pessoas. Nésio Fernandes também tem a visão de que a população aumentou sua percepção positiva com relação ao SUS, que voltou a ser uma agenda ampla de todos.

Mas ele alertou que, se nos próximos anos não houver uma resposta positiva a este pertencimento do SUS, com melhoras reais, concretas, materiais na vida da população, será aberto um espaço para o que chamou de pirataria ideológica daqueles que vão trazer a venda de ilusões, de caminhos que vão capitular o modelo de gestão de saúde construído. Para isso, segundo ele, tem que haver resistência e apontamento de caminhos concretos, especialmente no atendimento primário de saúde.

O Programa Cebes Debate vai ao ar semanalmente no canal do Cebes no YouTube e discute a agenda da saúde no Brasil e os seus principais desafios.