Cebes elege Carlos Fidelis e Lenaura Lobato para presidência e vice-presidência para a gestão 2023/24

No último dia 10 de dezembro, o Cebes realizou a sua assembleia para escolha da nova diretoria 2023/2024, com grande participação de associados. A assembleia, a eleição de chapa única, por aclamação e os vários depoimentos positivos demonstraram que a diretoria que encerrava seu mandato teve uma atuação à altura desta entidade histórica da luta pelo direito universal à saúde.

O trabalho desta diretoria, que tem ainda Lúcia Souto como presidente até o final deste ano, expressou toda trajetória desta entidade, vital para consagrar na Constituição de 1988 a saúde como direito universal de cidadania. O Cebes esteve à frente de muitos enfrentamentos ao longo destes últimos anos, com uma resistência fortíssima a este projeto genocida e de apagão de dados e informações institucionais forjados pelo atual governo, derrotado nas urnas em outubro de 2022.

Lúcia Souto afirmou que, o Cebes enfrentou de uma forma conjunta com todas as demais entidades, este período difícil da vida e da democracia brasileira tendo sido uma das organizadoras da Frente Pela Vida, um movimento vitorioso que representa a força das entidades da saúde pública e movimentos sociais do Brasil numa articulação vigorosa que, pela primeira vez, alinhou de uma forma consistente a agenda do movimento sanitário brasileiro. Segundo a presidenta, o Cebes esteve presente em todos os momentos em que o país mais precisou de suas entidades com força, ousadia e vigor. Um dos pontos altos deste período foi a realização da Conferência Livre Popular e Democrática de Saúde, em agosto do ano passado, em São Paulo. Na ocasião, foi entregue ao presidente Lula, então candidato, um documento com a colaboração da Frente Pela Vida para as diretrizes de um plano de governo para a saúde.

A continuidade do trabalho do Cebes se expressa na construção de uma chapa de consenso que mostra a unidade do grupo, neste momento em que estamos comemorando a volta do Brasil à democracia.  Desde o início da construção da Frente Pela Vida e da Conferência, o Cebes já tinha a leitura correta de que era o momento de ter uma dinâmica social e política que pudesse dar sustentação à agenda de um SUS 100% público, de uma revitalização do complexo econômico industrial da saúde, de uma carreira de estado, da organização de uma rede de atenção integral de qualidade que possa atender especialidades com base territorial e comunitária, de uma atenção primária robusta, entre outras ações.

Neste novo momento político, Lúcia realça a importância de afirmar que a saúde é um bem público e um eixo estratégico de desenvolvimento para assegurar a soberania e segurança sanitária no país. Além disso, a presidenta ressalta que é preciso reforçar o reconhecimento de que existe uma “profunda ligação entre saúde e meio ambiente para que se possa mudar o rumo deste desenvolvimento predatório que provoca a crise climática extrema provocando, cada vez mais, emergências sanitárias”.

Finalmente, toda esta reflexão converge para o lema cunhado no documento base do Cebes quando da 8ª Conferência Nacional de Saúde – Saúde é Democracia, Democracia é Saúde e, agora, mais uma vez, é colocado no centro das atividades a radicalização da democracia. O Cebes tem plena consciência de sua participação neste novo momento do Brasil que vai exigir criatividade, capilaridade, uma grande contribuição para a formação crítica e política que possa contribuir para uma sociedade cada vez mais crítica e organizada em todo o território nacional.

Lúcia reconhece que os desafios são grandes, mas que a nova diretoria eleita para o Cebes, tendo à frente o Carlos Fidelis como presidente e a Lenaura Lobato como vice tem também a consciência da enorme potencialidade do Brasil de representar um importante papel na geopolítica global a começar pela representação da entidade na América Latina por meio da Alames, Associação Latino-americana de Saúde Coletiva.

A médica sanitarista Lúcia Souto continua na diretoria ampliada do Cebes e representante da entidade no Conselho Nacional de Saúde. Ela deixou uma mensagem para a nova diretoria que inicia este mandato de dois anos:

Avançar com a defesa do direto à saúde  

Fidelis e Lenaura se pronunciam sobre a eleição

A assembleia do dia 10, que elegeu por aclamação a nova diretoria, composta por velhos e jovens cebianos, reafirmou a importância do Cebes no cenário político nacional por sua participação na construção do movimento sanitário brasileiro, na garantia constitucional do direito à saúde e na criação do SUS. A entidade tem sido capaz de se renovar através dos anos, elaborando análises críticas sobre as distintas conjunturas nacionais e de saúde. Destaca-se a participação, sob a liderança de Lucia Souto, ainda no cargo até o final deste ano, na articulação da Frente pela Vida, movimento criado nos duros anos da pandemia e que angariou parcerias de inúmeras entidades na denúncia dos descalabros realizados pelo governo Bolsonaro na saúde, apontando alternativas de ações, políticas e estratégias para salvar a vida dos brasileiros. A nova diretoria saúde esse esforço e seus resultados e se compromete a avançar com os compromissos defendidos pelo Cebes de defesa irrestrita do direito universal à saúde, do SUS 100% público, voltado exclusivamente à garantia da saúde digna, de qualidade e equânime para todos os brasileiros.

Nesse momento de renovação da política nacional, onde uma frente democrática assume o governo e derrota a extrema direita neoliberal, privatista e anti povo, o Cebes renova sua gestão mantendo seus princípios e seu lema fundador de ‘Saúde é democracia, democracia é saúde”. Mais do que nunca, quando nossa democracia esteve tão ameaçada, é fundamental defender as bases de uma sociedade solidária, voltada para as necessidades coletivas. O direito universal à saúde inscrito na Constituição é a expressão mais atual desse desafio. A saúde que o povo brasileiro quer e merece exige um governo que reconstrua as bases desmontadas do SUS, retomando a participação social, a negociação transparente entre os níveis federativos, a recomposição e expansão do financiamento, a extinção da apropriação predatória do SUS pelo setor privado, a reconstrução das políticas públicas cruciais como a de atenção básica e saúde mental, entre tantas outras, a reconstrução do papel coordenador e diretor do Ministério da Saúde. A saúde precisa entrar em uma nova era no Brasil, reconhecida pelo seu potencial de desenvolvimento, de geração de empregos e de criação de vida e dignidade. O Cebes estará, como sempre esteve, pronto para contribuir, com autonomia crítica, a esses desafios.

Saúde é democracia. Democracia é saúde.
Viva o Cebes!!! 
Carlos Fidelis e Lenaura Lobato 

Veja a chapa completa da nova diretoria do Cebes para 2023/2024