Cresce o número de brasileiros com doenças crônicas, diz pesquisa

A última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o número de brasileiros com doenças crônicas está crescendo, devido à falta de exercícios físicos e ao excesso de tempo gasto em frente ao computador e à TV. Realizada em 2008, foi a primeira vez em que procurou-se investigar os comportamentos que levam aos riscos de saúde, como sedentarismo e tabagismo.

Paradoxalmente, a pesquisa – que teve a parceria do Ministério da Saúde – mostrou que o brasileiro está procurando mais o médico (67,7% em 2008 contra 62,8% em 2003) e o dentista (88,5% contra 84,1% nos mesmos períodos). Mas o documento também revelou que um terço da população do país declarou ter recebido um diagnóstico de pelo menos uma doença crônica. No ranking das enfermidades, a hipertensão encabeça a lista, atingindo 14% da população, seguida das doenças da coluna (13,5%), artrite ou reumatismo (5,7%), bronquite ou asma (5%), depressão (4,1%), doenças do coração (4%) e diabetes (3,6%). Também foram listadas tendinites, insuficiência renal crônica, câncer, cirrose e tuberculose, mas em percentuais menores.

A pesquisa também indicou que à medida que a população envelhece, mais frequentes são as notificações de doenças crônicas. Em 2008, entre os que tinham 65 anos ou mais, cerca de 79% disseram ter algum mal crônico. Procurado, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que os números da Pnad servem para direcionar novas políticas de saúde, incentivando os idosos a praticarem exercícios físicos.

– Não há dúvidas de que o sedentarismo, associado à mudança dos hábitos alimentares do brasileiro, estão levando a população ao sobrepeso e às doenças crônicas. Isso deve nortear novas ações em saúde.

Os jovens de 10 a 19 anos também foram enquadrados na pesquisa. O uso do computador e do videogame fora do trabalho foi percebido em quase 30% dos entrevistados, que afirmaram ter feito isso nos 30 dias anteriores à pesquisa. Desses, 28,8% usavam o computador ou videogame por mais de três horas diárias.

As mulheres foram apontadas como as que possuem maior longevidade e vivem em média seis anos a mais do que os homens. No entanto, são as mais atingidas por doenças e as que menos praticam atividades físicas. No conjunto, não chega a 30% da população acima de 14 anos que pratica exercícios ou esportes. Para os pesquisadores, se fosse levado em conta a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) de pessoas ativas no lazer (prática de atividades físicas três vezes por semana), este percentual cairia para 10,2%.