Crise da Covid-19 escancara crise do capitalismo no Brasil, conclui João Pedro Stédile, em live da Frente Pela Vida

O professor foi convidado pela Frente para socializar uma análise de conjuntura diante das inúmeras crises que o Brasil e o mundo vivem na atualidade. Texto: Ascom CNS

A Frente Pela Vida, espaço que une diferentes entidades nacionais, dentre elas o Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizou nesta terça (02/02), um debate virtual com o economista, professor e defensor da reforma agrária João Pedro Stédile. Para ele, vivemos uma “crise estrutural do capitalismo”, que tem escancarado as desigualdades nos países considerados subdesenvolvidos.

A Frente tem o objetivo de criar um movimento amplo, com base em evidências científicas e respeito à Saúde da população brasileira, para enfrentar a pandemia que assola o Brasil de forma severa. Lúcia Souto, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), destacou que a Frente foi responsável pela construção de um Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19. “A frente fez uma jornada de lutas diante da catástrofe que o Brasil está enfrentando. É uma crise gravíssima. O governo declarou uma guerra à vida e à saúde da população brasileira”, afirmou.

Segundo João Pedro Stédile, a Frente tem sido “vanguarda na conscientização do povo e orientação dos movimentos populares sobre o que fazer diante da pandemia”. Ele explicou que o momento atual é grave em todo o mundo. “A forma do capitalismo organizar as forças produtivas da sociedade não estão voltadas para atender as necessidades da população. Por isso estamos formando uma desigualdade social de bilhões de seres humanos que não conseguem ter suas necessidades básicas”.

60 milhões de trabalhadores adultos não estão sendo aproveitados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2020), fazendo com que a crise sanitária seja um agravante de outras crises vividas no país. O professor afirmou que “as mazelas da crise aparecem com muito mais gravidade no Brasil”, mediante uma crise econômica que “eclodiu em 2014”. Para ele, “os capitalistas internacionais sabem que nesse território [Brasil] é um perigo investir”.

Destruição do meio ambiente afeta saúde pública

Stédile também abordou a crise do meio ambiente, que está em colapso. “Os capitalistas se aproveitam dos bens da natureza e cometem crimes como os de Mariana e Brumadinho. Fazem uso intensivo de veneno na agricultura. O agrotóxico mata a biodiversidade e afeta a saúde”. Ele lembrou que o processo de desregulamentação constante das normas e preservação ambiental geram danos à vidas das pessoas.

Há também uma crise da soberania nacional. Nem o povo, nem a sociedade têm controle sobre os recursos do país. A Covid só expôs ainda mais a natureza da crise que já vivíamos. Vários países superaram a pandemia sem aprofundamento da crise econômica, mas aqui no Brasil foi diferente”.

O que fazer diante das crises que o Brasil vive?

Segundo o professor, para superar a crise, é necessário liderança nacional do governo junto à sociedade para coordenar os esforços da ciência. Porém, “o governo está aliado ao inimigo, agravando ainda mais a crise de saúde pública”.

A conselheira nacional de saúde Priscilla Viégas, representante da Mesa Diretora do CNS, participou do encontro ao lado de Fernando Pigatto, presidente do Conselho. Para ela, é necessário unificar diferentes lutas para que o Brasil possa sair da situação atual. “Somos um conjunto de entidades se posicionando fortemente contra a situação. É impossível pensar no bem-viver com um governo genocida e criminoso. Estamos fazendo um enfrentamento cotidiano”. Diversos outros representantes de entidades, ativistas, pesquisadores e especialistas em saúde pública participaram do encontro.

Assista a conversa: