Desenvolvimento sustentável precisa de metas

O Globo – 26/04/2012

Documento final da Estocolmo+40, que será levado à Rio+20, cobra de líderes globais objetivos claros e ação

Quarenta anos após lançar na agenda internacional o debate sobre o desenvolvimento sustentável, Estocolmo conclamou os líderes que participarão da Rio+20, em junho, a partirem das palavras à ação. Divulgado ontem na capital da Suécia, o documento final da conferência Estocolmo+40 pede ação e objetivos claros. Para isso, o texto inclui entre suas propostas para o encontro no Rio o estabelecimento de metas para o desenvolvimento sustentável.

O Chamado à Ação de Estocolmo, como foi batizado o documento final, incorporou proposta conjunta das delegações de Colômbia, Guatemala e Peru. A ideia é desenhar metas ao estilo dos Objetivos do Milênio – estabelecidos em 2000 pela ONU, para melhorias até 2015 em áreas como direito, saúde e bem-estar. “Tais metas devem ser universais para servirem como um instrumento de desenvolvimento válido para todos os países”, diz o documento.

A lista de propostas foi entregue ao secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, e ao secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) Francisco Gaetani, que representou a ministra Izabella Texeira no encerramento da conferência em Estocolmo. Após elogiar os debates nesta semana, Sha demonstrou otimismo e garantiu ajuda à Suécia e ao Brasil para divulgar o Chamado à Ação na reta final de preparação para a Rio+20.

Incentivos inteligentes e decisões sustentáveis

Para Gaetani, as negociações prévias à Rio+20 estão andando bem. O secretário-executivo destacou a atitude forte da China na Estocolmo+40, com a participação do premier Wen Jiabao na abertura do último dia de trabalhos.

– As coisas estão caminhando bem. poderiam estar melhor se o mundo estivesse numa condição melhor, mas a crise financeira tende a eclipsar o debate – disse Gaetani ao GLOBO, após o encerramento da Estocolmo+40.

No campo das ações, o documento final da Estocolmo+40 destaca a importância de criar condições e “incentivos inteligentes” para garantir que pessoas, mercados e governos tomem “decisões sustentáveis”. Um dos caminhos é apoiar a inovação de negócios sustentáveis. “Os governos precisam garantir condições básicas para permitir uma transição para uma economia verde inclusiva, levando ao crescimento contínuo”, diz o texto.

– Espero que na Rio+20 a gente possa ter alguma urgência e tomar alguns passos para decidir que o mundo precisa de metas para o desenvolvimento sustentável – disse a ministra sueca do Meio Ambiente, Lena Ek.

Ao GLOBO, a ministra sueca da Cooperação para o Desenvolvimento Internacional, Gunilla Carlsson, lembrou os compromissos feitos em outros debates internacionais. Por isso o foco em mais ação a partir da Rio+20:

– Temos que começar a entregar (resultados) e prometer que usaremos as convenções que já temos. E, se pudermos, concordar um pouco mais em como valoramos recursos e medimos externalidades.

Desde segunda-feira, na mesma semana em que as negociações prévias para a Rio+20 foram retomadas em Nova York, estiveram em Estocolmo cerca de 40 ministros e 600 participantes de 72 países para reunir propostas para o encontro do Rio.

(*) O repórter viajou a convite da Embaixada da Suécia