Entre o medo e a esperança: para onde caminha o Brasil?

Cebes promove conversa com o jornalista Luis Nassif sobre quais possíveis caminhos a serem trilhados como forma de manter viva a esperança para o futuro do Brasil

O Brasil tem hoje um Congresso com maioria conservadora e emendas parlamentares impositivas que podem influenciar o resultado das eleições municipais desse ano, além da continuação desse quadro de parlamentares nas próximas eleições. Ao mesmo tempo, o governo federal retomou programas importantes para a população mais vulnerável, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Para debater esse cenário, o Cebes recebeu nessa segunda (18) o jornalista Luiz Nassif, que apontou quais possíveis caminhos a serem trilhados como forma de manter viva a esperança para o futuro do Brasil. Participaram Ana Tereza e Carlos Fidelis.

Nassif fez uma breve retrospectiva dos acontecimentos políticos dos últimos anos que levaram até o cenário político atual: Lava Jato, Guerra Cultural, Impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o esvaziamento da centro-direita na política nacional (com a derrocada do PSDB), governos Temer e Bolsonaro. Para o jornalista, a postura beligerante e confrontadora de Bolsonaro durante seu govero gerou uma polarização ainda maior na sociedade brasileira. E é nesse contexto que acontece a eleição de Lula em 2022. “No entanto, Lula ainda não definiu uma estratégia clara para enfrentar os desafios políticos e econômicos do país. Uma possível saída seria a busca por um pacto com setores da indústria e do empresariado, visando fortalecer a produção nacional e criar uma alternativa ao poder do mercado“.

Para o jornalista, enquanto Lula age de maneira exemplar no palco internacional geopolítico, internamente ele deixa a desejar. Segundo Nassif, inaugurações de obras ou a retomada de programas como o Bolsa Família não são mais suficientes para mobilizar as massas. O ideal seria que Lula mostrasse como o trabalho do cidadão comum é fundamental para a construção da sociedade, do desenvolvimento econômico e um caminho para tirar o Brasil da crise política e econômica. Essas ações de Lula serviriam como contraponto à influência do bolsonarismo, cujo foco da comunicação é justamente na mobilização do “homem comum” que seria essencial para “mudar a sociedade”.

“Ele tem que mostrar o valor do trabalho. Ele tem que mostrar para o trabalhador, pro pequeno empresário, para integrante de cooperativa, para o cara do MST que aquilo que eles estão fazendo é a construção do Brasil. Tem que dizer que não estão apenas garantindo o sustento sua família, mas ajudando a salvar e a reconstruir o Brasil”. – Luis Nassif, jornalista

Esse tipo de ação, poderia servir como contraponto à ações do próprio Lula que desagradam a sua base, como a não retomada de trabalhos da Comissão de Mortos e Desparecidos da Ditadura Militar e a desmobilização em torno das movimentações que iriam lembrar dos 60 anos da instauração da ditadura militar em 1964.

Para Ana Teresa, ativistas e movimentos sociais têm que agir para mostrar a Lula e ao Partido dos Trabalhadores as bandeiras que entendem que estão ficando em segundo plano nesse terceiro mandato do presidente. “Há uma obrigação de levar essas demandas ao PT, que é um dos partidos mais articulados que nós temos“, disse. “Podemos fazer esse movimento de ‘Acorda, Lula!’“, sugeriu. Ela lembrou das convocações para o 23 de março, que será o Dia de Mobilização Nacional em Defesa da Democracia.

A mensagem final de Nassif é que Lula tem que ver que não salvou o Brasil contra o neofacismo quando ganhou as eleições presidenciais em 2022. “Tem que salvar o Brasil daqui em diante e a grande pacificação nacional tem que ser através do pacto da produção“. Para Nassif, a Saúde Coletiva é uma das razões para que os brasileiros vejam o País com otimismo. “(Os profissionais da saúde) são os verdadeiros heróis nacionais“, finalizou.

Assista o debate no link ou a seguir: