Estrato de jovens “afina” na pirâmide brasileira

Segundo análise do Ipea na Pnad-2007, os jovens de 15 a 29 anos somam 50,2 milhões de pessoas no Brasil e representam 26,4% da população. Mas o país está envelhecendo. Nos anos 1980, os jovens correspondiam a 29% da população e, pela projeção da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, devem cair a 19,1% em 2050.

Os dados foram divulgados no Comunicado da Presidência nº 12, “Pnad-2007: Primeiras Análises (volume 4) – Educação, juventude e raça”. Desde o Comunicado da Presidência nº 9, os técnicos em planejamento e pesquisa do Ipea vêm analisando os números da Pnad.
A análise da juventude brasileira radiografada pela Pnad-2007 aponta que, nos últimos 15 anos, as condições de vida juvenil melhoraram em diversos aspectos: formalização do trabalho, escolarização, queda do analfabetismo e queda nas diferenças de gênero e raça. Mas há ainda muito a fazer.

A taxa de desemprego entre os jovens (14%) é ainda três vezes maior que entre os adultos (4,8%). Cerca de 18% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. Dos que estudam, 26,4% dos meninos também trabalham, apenas 54,7% deles só estudam. Para as meninas as taxas são mais favoráveis: 17% delas estudam e trabalham e 66% só estudam. A taxa de atividade (percentual dos que estão trabalhando ou procurando trabalho) de jovens de 16 a 17 anos chega a 45%. “São números preocupantes. Em um país ideal, que semeia seu futuro, a taxa deveria tender a zero. Ou seja, esses meninos e meninas deveriam apenas estudar”, analisa o diretor de Estudos Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro. “Mas a situação social, a necessidade das famílias e a pobreza empurra os jovens para o mercado de trabalho”, diz Castro. “Pior: temos 7% de meninos e 12% de meninas que não estudam nem trabalham. Estes manterão o ciclo da pobreza no Brasil”, alerta do diretor, que coordenou a pesquisa.

E a pobreza juvenil é alta. A pesquisa revela que apenas 15% dos jovens vêm de famílias com renda per capita superior a dois salários mínimos. Cerca de 30% dos jovens (um a cada três) são pobres e vêm de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo. São 14 milhões de jovens vivendo com menos de R$ 208 mensais. Dois milhões moram em favelas. Aproximadamente 54% deles vivem em famílias de renda per capita entre meio e dois mínimos.

Apesar da vulnerabilidade do jovem no mercado de trabalho, houve aumento na formalização e redução do trabalho não remunerado.