Fim da CPMF abre espaço para alterações mais profundas no sistema tributário

Por Rodrigo Celoto e Fernando Homem de Melo (*)

O ano de 2007 terminou como um ano espetacular para o padrão vivido pelo Brasil nos últimos vinte anos. A estimativa é de que o crescimento do PIB tenha sido de 5,2%. Isso significa um crescimento do PIB per capita da ordem de 4,0%, um resultado realmente muito bom. A expectativa do mercado é de um crescimento de 4,5% em 2008 e de 4,0% nos próximos 3 anos. Nos últimos 4 anos nossa taxa média de crescimento foi de 4,45% contra 2,35% dos 4 anos anteriores.

Apesar do problema da inflação de alimentos (no mundo todo), o IPCA ficou em 4,46%, portanto, abaixo do centro da meta (4,5%) e apenas um pouco acima da inflação norte-americana. A expectativa é de 4,29% para 2008 e de 4,0% nos próximos anos. A inflação
de alimentos tende a se desacelerar. Esses números são muito favoráveis.

A dívida líquida continua em queda e estima-se que tenha fechado 2007 em 43,2%. Para 2008, a expectativa é de 42,0%. Essa expectativa baseia-se em um superávit primário de 3,9% em 2007 e de 3,65% em 2008. Apesar da diminuição (devido à queda dos juros), o superávit continua a ser grande o suficiente para diminuir a relação dívida/PIB.

A taxa SELIC já caiu bastante no Brasil, mas ainda é a única variável macroeconômica que ainda não convergiu para padrões de países estáveis. O ano de 2007 terminou com uma taxa de 11,25%, tendo havido uma queda de 2,0% ao longo do ano. Apesar da expectativa contrária, seria importante uma redução adicional, ainda que pequena, em 2008. Afinal, o Federal Reserve está em processo de redução e a inflação prevista para 2008 no Brasil é um pouco menor.

No setor externo, tivemos pela primeira vez em anos uma diminuição do superávit comercial e em contacorrente. Espera-se que o superávit em transações correntes tenha fechado em US$ 4,8 bilhões em 2007 e que se torne um déficit de US$ 4,7 bilhões em 2008.
A balança comercial diminuiu seu saldo para US$ 40 bilhões e espera-se que diminua em 2008 para US$ 30,6 bilhões. Os destaques vão para o crescimento das importações (inclusive bens de capital), o bom desempenho do agronegócio e de seus preços. Apesar da
mudança para déficit em transações correntes, o País continuará a diminuir seu passivo externo líquido.

Como vimos, espera-se para 2008 um ano de prosperidade e estabilidade. O emprego formal continua crescendo. Estamos caminhando para mais um ano de crescimento significativo da economia brasileira. A principal variável a ser analisada neste ano será a definição do cenário econômico mundial, sobretudo nos Estados Unidos e na China, com seu impacto sobre o crescimento brasileiro. Isso porque será determinante para o crescimento do País nos próximos anos.

 

(*) Rodrigo Celoto é economista do Grupo de Conjuntura da FIPE e Fernando Homem de Melo é o Coordenador do Grupo de Conjuntura da FIPE; as opiniões contidas nesta nota são de responsabilidade dos autores, mas também expressam as opiniões apresentadas nas reuniões do Grupo de Conjuntura da FIPE.