Fiocruz irá contribuir com organização internacional no desenvolvimento de novos antirretrovirais

O Brasil oficialmente irá contribuir para a Rede de Cooperação Tecnológica em HIV/Aids, através do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). O acordo de cooperação foi firmado durante um encontro na última segunda-feira (08/02) e, de acordo com especialistas, o instituto será de grande importância para o desenvolvimento de uma formulação inovadora do antirretroviral ritonavir, bem como desenvolver outro medicamento que combine o fármaco com o lopinavir, também utilizado no combate à Aids.

A Rede de Cooperação Tecnológica em HIV/Aids tem como atividades principais diminuir a dependência tecnológica em relação aos países desenvolvidos, promover novos fabricantes de medicamentos genéricos e reduzir preços dos antirretrovirais. Países como Argentina, China, Cuba, Nigéria, Tailândia, Rússia e Ucrânia fazem parte da rede e no Brasil, além de Farmanguinhos, o grupo também tem parcerias com o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e os laboratórios privados Cristália e Nortec.

Os pesquisadores de Farmanguinhos se juntaram aos envolvidos em um projeto internacional com a China e a Tailândia, que desenvolve uma fórmula que dispensa refrigeração dos antirretrovirais. Segundo o coordenador de Serviços Tecnológicos de Farmanguinhos, Halvécio Rocha, os testes clínicos devem ter início em um ano.

Para a coordenadora da Unidade de Assistência e Tratamento do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Rachel Baccarini, os projetos são estratégicos para a Rede e o Governo Federal. “O ritonavir é utilizado em praticamente todas as terapias anti-Aids junto com inibidores de protease. O desenvolvimento de uma formulação termoestável, que ainda não existe no mercado, é fundamental: além de facilitar a vida dos pacientes, que não serão mais dependentes de uma geladeira, vai representar uma economia de gastos por parte do governo”.

O secretário-executivo da Rede, Ricardo Kuchenbecker, lembrou que a dose combinada entre ritonavir e lopinavir possibilita um tratamento com menos toxicidade e efeitos adversos. “Também temos outros projetos importantes em andamento. O desafio é superar algumas dificuldades, como as patentes”, afirmou. Coordenadora do projeto, Eloan Pinheiro ressaltou que o Brasil precisa de soluções tecnológicas rápidas e profundas quando o assunto é Aids, e que a Rede é fundamental neste processo.

– Ela aumenta a capacidade tecnológica dos envolvidos, fomenta a formação de técnicos bem preparados para promover a inovação.