Fiocruz realiza estudo sobre as famílias brasileiras

Pesquisadores da Fiocruz realizaram um estudo com os objetivos de consolidar informações sobre as famílias brasileiras, identificar grupos sociais mais vulneráveis e gerar subsídios para políticas públicas que garantam maior eqüidade em saúde. Para isso, adaptaram o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), que é composto por seis dimensões: situação de vulnerabilidade, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infanto-juvenil e condições habitacionais. Aplicado a 21 municípios do Rio de Janeiro, o IDF adaptado mostrou que a condição das famílias era aceitável apenas nessas duas últimas dimensões. Nas outras quatro, a situação era grave ou muito grave.

Criado por uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o IDF varia de zero a um, onde zero representa a pior condição e um, a melhor. “O IDF original é constituído por seis dimensões, 26 componentes e 48 indicadores. No IDF adaptado, mantiveram-se as seis dimensões propostas, com pequenos ajustes na conceituação das mesmas. Reduziu-se para 22 o número de componentes e ampliaram-se para 53 os indicadores”, explicam os pesquisadores Alberto Najar, Tatiana Baptista e Carla de Andrade, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, em artigo publicado recentemente no periódico Cadernos de Saúde Pública.

Para o cálculo do IDF adaptado, a equipe da Fiocruz utilizou dados do Censo Demográfico 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando-se os 21 municípios estudados, as dimensões disponibilidade de recursos e acesso ao trabalho tiveram as médias mais críticas: 0,42 e 0,48, respectivamente. O IDF adaptado geral, que engloba as seis dimensões investigadas, atingiu uma média de 0,60, sendo que somente quatro municípios ficaram acima dessa média: Niterói (0,67), Rio de Janeiro (0,63), Macaé (0,61) e Resende (0,61). O pior índice foi obtido pelos municípios de Belford Roxo, Itaboraí e Queimados, todos três com 0,55.

No artigo, os pesquisadores apresentam o IDF adaptado como uma proposta para o monitoramento e a avaliação do Programa Saúde da Família (PSF). De acordo com os autores, esse índice sintetiza a forma como se expressam nas famílias as dimensões da pobreza. Esta é entendida pelos pesquisadores como “uma síndrome multidimensional de carências diversas – de saúde, de educação, de habitação, de saneamento, de lazer, de nutrição etc”.

O artigo também apresenta o cálculo do IDF adaptado segundo grupos sociais. “Os grupos mais vulneráveis são aqueles formados por famílias cujos chefes têm mais de 65 anos de idade e por famílias cujos chefes são mulheres”, afirmam os autores. Para as famílias chefiadas por idosos, o IDF adaptado médio foi de 0,51. Já para as famílias chefiadas por mulheres, foi de 0,54. A intenção dos pesquisadores é que tais resultados sirvam para a implementação de políticas de proteção social direcionadas a esses grupos mais sensíveis. Contudo, os autores ponderam que “as observações e análises realizadas estão referidas a um ano, o que pode apenas possibilitar um retrato da realidade, mas não uma comparação ou mesmo qualificação de valor sobre a situação em que se encontram as famílias”.

 

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias