Manifesto da ABRASCO em repúdio ao episódio ocorrido com uma aluna nas dependências da Universidade Bandeirante (Uniban)

A ABRASCO vem a público somar seu repúdio às várias manifestações em mesmo sentido quanto ao ocorrido em São Bernardo do Campo – SP, nas dependências e sob a responsabilidade institucional da Universidade Bandeirante (Uniban) , quando houve o assédio em massa a uma de suas alunas, por intolerância, ódio de gênero e absurda ausência de suporte institucional.  Vem a público ainda repudiar a inaceitável resposta da própria instituição, ante o quase linchamento de uma jovem de 20 anos e com forte apelo à violência sexual. Muitos já chamaram a atenção, à semelhança dos grandes pensadores do século XX que apontaram o mal estar da civilização diante do Holocausto e todas as guerras contemporâneas com suas outras “soluções finais”, como as “limpezas étnicas”, que o fato aconteça dentro de uma instituição educacional, supostamente a que completaria a socialização dos cidadãos e cidadãs na ética da pluralidade e na convivência democrática. Em matéria de violências não se pode aceitar  “empurrar para debaixo do tapete” o mal, a intolerância, com conseqüente necessidade de se achar “um bode expiatório”, repassando a incapacidade de resposta institucional e a falta de discernimento em conter o ritmo crescente de manifestação da turba agressiva para a vítima.

Como ensinar o diálo! go, a ne gociação, ante valores ou interesses ou expectativas diferentes que sempre ocorrem em sociedade? Não há para isso respostas prontas, mas com certeza aquela ético-política que respeita dos Direitos Humanos não será esta permissividade com a violência e ausência responsiva. Quem faria o gesto necessário da suspensão da violência e do acolhimento senão a instituição, seus gestores que respondem pelo espaço público e pela autorização que lhe repassou o Estado para ensinar e certificar como sujeitos e cidadãos sociais estes alunos?

Nós que somos da Saúde e lutamos pela maior equidade social, étnica e de gênero no âmbito desse campo, dependemos da boa e corajosa ação emancipadora também dos outros campos, das outras instituiçõ! ;es. Como podemos pensar em prevenção ou promoção da saúde senão em concerto com todos esses nossos outros na sociedade?

Conclamamos, nesse sentido, que os responsáveis maiores do Estado Brasileiro não apenas identifiquem e punam os responsáveis institucionais e individuais, mas que com urgência passem a, e de forma progressiva, criar práticas de enfretamento direto das violências em todos seus setores.