Mortalidade feminina cai 12%
Correio Braziliense – 23/10/2012
A mortalidade feminina caiu 12% entre 2000 e 2010, segundo dados do Ministério da Saúde. O levantamento mostra que, no período, o número de óbitos passou de 4,24 por mil mulheres para 3,72. No Distrito Federal, a redução foi maior do que a média nacional: 17% em 10 anos, sendo que, em 2000, a taxa era de 5,19 mortes para mil mulheres e, esse número caiu para 4,31 uma década depois.
A pesquisa, parte da publicação Saúde Brasil 2011, ressalta que a mortalidade feminina está relacionada principalmente a doenças do aparelho circulatório como acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto, responsáveis por 34,2% dos óbitos. O câncer aparece em segundo lugar, sendo causador de 18,3% das mortes. O câncer de mama apresenta o maior índice, com 2,8%, seguido pelo de pulmão, 1,8%, e o de colo do útero, 1,1%.
A diretora de análise de situação em saúde do ministério Deborah Malta afirma que a diminuição nos índices de doenças crônicas é uma das prioridades da pasta. “Nosso desafio é interferir no conjunto de fatores de risco que causam a maioria das mortes por doenças cardiovasculares, infarto e câncer. Estamos trabalhando tanto na prevenção quanto na assistência.”
Para a especialista em ginecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marilene Vale de Castro Monteiro, a redução na mortalidade feminina poderia ser maior, principalmente, nos números relativos à incidência de câncer. “As lesões que precedem o câncer de colo uterino podem ser identificadas até 10 anos antes que a doença chegue a uma fase invasiva. É necessário, porém, que mais mulheres tenham acesso a exames preventivos.”
Ainda de acordo com o estudo Saúde Brasil, a mortalidade materna em 2010 chegou a 68 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. Em 1990, eram 141 mortes para cada 100 mil nascimentos — uma redução de quase 50% em 20 anos. No entanto, o Brasil ainda tem dificuldade em alcançar a meta determinada pela Organização das Nações Unidas relativa à mortalidade materna. O objetivo é chegar a 35 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos até 2015.
Marilene explica que a mortalidade materna está relacionada, principalmente, à hipertensão na gravidez, ao sangramento durante a gestação ou após o parto e a infecções pós-parto. “São situações que podem ser controladas com acesso de qualidade ao pré-natal”, acredita a médica. No entanto, Deborah Malta destaca que o Brasil tinha uma taxa alta de óbitos e a redução nos últimos 20 anos é expressiva. “De todas as metas, essa deverá ser a última alcançada, mas nossos progressos têm sido reconhecidos internacionalmente.”
Sífilis
Dados da pasta também mostram um aumento de 34% no número de crianças com até 1 ano diagnosticadas com sífilis entre 2010 e 2011. No ano passado, foram registrados 9.374 casos com uma taxa de incidência de 3,3 casos para cada mil nascidos vivos. No entanto, para o ministério, o crescimento está relacionado ao aumento na notificação dos casos e não ao avanço da doença. Em crianças de até 1 ano, a chamada sífilis congênita é transmitida de mãe para filho durante a gravidez. Entre os estados, o Rio de Janeiro é o que apresenta a maior taxa da doença, 9,8 ocorrências para cada mil nascidos.