“A saúde privada mais prejudica do que colabora”, afirma pesquisador

Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pós-doutor em Ciência Política pela Universidade de Yale (EUA) e técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pesquisador Carlos Ocké (foto) está lançando o livro “SUS: o Desafio de Ser Único”, no qual discute as perspectivas, as realidades e os limites da saúde pública brasileira. No seu entender, o Sistema Único de Saúde (SUS) não vai se afirmar enquanto “a pobreza, a desigualdade, a violência e os baixos níveis educacionais e culturais da sociedade brasileira continuarem batendo à porta”.
Nesta entrevista ao ‘Saúde Goiânia’, ele aborda este e outros aspectos da área e faz contudentes críticas ao mercado dos planos de saúde. “Nos parece oportuno defender no terreno da Reforma Sanitária a ideia de que a ‘saúde suplementar’ seja regulada como atividade privada de interesse público, mediante o regime de concessão de serviços públicos”, afirma. Segundo Ocké, o crescimento desses planos foi gritante “porque contou com incentivos governamentais no contexto do desfinanciamento do SUS, da crise fiscal do Estado e da ofensiva neoliberal”. Confira.

Sob o pretexto da cura

A medida que autoriza a internação compulsória de usuários de crack no estado de São Paulo é considerada um retorno aos séculos XIX e XX “quando se internavam os indesejáveis à ordem política a pretexto de curá-los”. A opinião é do juiz de Direito e membro da Associação Juízes para a Democracia, João Batista Damasceno, crítico do papel que o Judiciário deve cumprir na tríade com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no caso das internações contra a vontade dos viciados.

“O problema não é o SUS, e sim o mercado”, diz pesquisador do IPEA

Bruno de Pierro, via Brasilianas.org
Embora carregue no nome a palavra “único”, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1988, com a instituição da Constituição Federal, ainda está longe de ser um sistema universal de saúde e de proteção social. Não que o sistema brasileiro esteja no caminho errado, porém, diante do avanço da privatização e do mercado de planos de saúde, o SUS tem, paradoxalmente, como maior desafio a ser vencido tornar-se finalmente unificado. Em SUS: o desafio de ser único, livro recém-lançado pela Editora Fiocruz, o economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Carlos Octávio Ocké-Reis discute a complexidade da relação entre o sistema público e o mercado de planos de saúde e mostra que a implementação do SUS necessita de transformações estruturais e novo modelo de desenvolvimento.

As veias abertas do SUS

Em entrevista ao BoletIN do Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (Lappis), a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas e ex-presidente do Cebes Sonia Fleury falou sobre o papel do Estado e o que ela chama de “veias abertas do SUS”.
Na ocasião, condenou os princípios de mercado quando aplicados ao planejamento das ações públicas e apontou para a “crônica de uma morte anunciada”, caso não sejam avaliadas as parcerias excessivas que vêm sendo feitas com o setor privado na área da saúde. Confira a entrevista na íntegra.

Equação insustentável

Uma bomba-relógio ameaça a saúde brasileira. Até 2030, haverá mais cidadãos acima de 60 anos do que entre 18 e 49 anos. Com o envelhecimento da população, o número de portadores de doenças crônicas deve aumentar, com inevitável impacto nas contas do SUS. As despesas médicas da rede pública podem crescer até 149% nos próximos 20 anos. Quadro que deve se agravar com a manutenção da atual tendência.

Qual país tem o sistema de saúde ideal?

A Dra. Marcia Angell foi editora-chefe do New England Journal of Medicine, um dos periódicos científicos mais respeitados do mundo. Atualmente, a Dra. Angell é professora no Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School. Sua especialização é em medicina interna e patologia. Há alguns anos atrás, a revista Time classificou a Dra. Angell como uma das 25 pessoas mais influentes dos Estados Unidos.

“Royalty só para educação destruirá o SUS”

Temporão defende o retorno da proposta original ainda do governo Lula, que incluía não só saúde, mas, sobretudo, ciência e tecnologia, outra área estratégica para a independência do país nas pesquisas e na criação de laboratórios farmacêuticos.

Sonia Fleury fala de suas percepções sobre o Sistema Único de Saúde

Autora de mais de dez livros sobre Previdência Social, políticas públicas e saúde, a ex-presidente do Cebes, Sonia Fleury, fala ao Movimento Participação Médica sobre suas percepções a respeito do SUS. “Está se criando uma mentalidade deturpada, como se o setor público fosse incapaz, e que tudo deva ser resolvido através de contratação do privado, que é bom por excelência. Isso não é verdade”, adverte.

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