OSS vencem disputa eleitoral mas perdem politicamente em São Paulo

O debate de saúde, no primeiro turno das eleições municipais em São Paulo, foi apontado como estratégico por marqueteiros e especialistas. Isso porque as pesquisas diziam que a saúde era o maior problema dos paulistanos. A discussão trouxe posicionamentos contra e a favor da manutenção das Organizações Sociais de Saúde, mas foi marcado apenas por uma postura rebatista da maioria dos candidatos e partidos. Ninguém conseguiu apresentar um programa que participe concretamente das necessidades em saúde. Apresentaram, sim, uma justaposição de estruturas de saúde que foi surgindo mais da comparação de gestões anteriores e candidaturas de oposição do que da realidade da cidade. Ou seja, as promessas circulavam entre 3 ou 4 hospitais, 5 prontos-socorros e 43 UBSs ou 20 AMAs… mas a pergunta importante é: quantos a cidade precisa?

Agora no segundo turno o debate da saúde pegou fogo de verdade. Tomou a maior parte do tempo de TV e debates públicos. Os candidatos a Prefeitura de São Paulo se enfrentam, mas diferente do primeiro turno, ambos defendem juntos o modelo de gestão por convênio e parceria. Mobilizam quadros técnicos para justificar o injustificável, a burla do controle social, da licitação e do concurso público. O que deixa claro o compromisso institucional de renovação de contratos com OSS e Instituições Parceiras seja quem for o novo prefeito a partir de 2013.

Neste mesmo período, os movimentos de saúde não se intimidaram e continuaram afirmando a defesa do SUS 100% público e estatal, dando continuidade as crescentes lutas em saúde. O ato conjunto no dia mundial da saúde, a ocupação de um dos hospitais prometidos na campanha anterior, são exemplos de uma nova luta em saúde mais ousada e radical. Não mudamos de lado tampouco revimos nossas posições contrárias às OSS por pragmatismo.

É importante ressaltar que, nunca antes na história desta cidade, a hegemonia dos tubarões da saúde pública foi tão questionada publicamente e causou tantos e tantos constrangimentos. Ao ponto das empresas privatistas lançarem mão de uma pretensa independência e neutralidade, partindo para campanha corpo a corpo, com declaração de voto na TV, inúmeros artigos em grandes jornais, ameaças ao movimento de saúde, demissões e pronunciamento voltado a “reflexão” dos trabalhadores terceirizados para o voto no segundo turno. Quem teve medo, agora, foram as OSS!

Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo