Prevenção do câncer de mama

Estado de Minas – 27/9/12

No Brasil, 75% dos aparelhos de exame estão em clínicas particulares

Outubro está próximo e com ele também o movimento Outubro Rosa, que ocorre pelo mundo inteiro para chamar a atenção para o segundo tipo mais frequente de câncer, o de mama. No Brasil, governos municipais, estaduais e federal também vão se juntar à luta em um plano nacional de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama e também de colo do útero. Movimento surgido em 1997 na Califórnia, o mês ganhou essa cor para conscientizar as mulheres – embora 0,8% dos casos sejam associados aos homens – sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, que aumenta consideravelmente as chances de cura da doença. Monumentos de todo o mundo serão iluminados em rosa para motivar a população a se prevenir. O Cetus-hospital dia em Betim, especializado em tratamento oncológico, também estará iluminado de rosa e prepara ações juntamente com a Organização Regional de Combate ao Câncer (Orcca) para levar mais informações às mulheres durante o mês.

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer para 2012 no Brasil, sendo 53 mil somente de mama, 3 mil a mais do que no ano passado. O país ainda ocupa uma vergonhosa 38ª posição no ranking de cura do câncer de mama, enquanto Estados Unidos e Cuba assumem o primeiro e o segundo lugar. Fica então a pergunta: o que acontece com o nosso país? Nós, que fazemos parte da sociedade médico-científica, conhecemos de perto a situação do Brasil e o gargalo da inoperância. Hoje existem técnicas avançadas de diagnóstico e tratamento e, se descoberto em estágios iniciais, as chances de cura são elevadas a mais de 90%. No entanto, sabemos que no país cerca de 1/3 das mulheres descobrem que estão com a doença já em situação avançada, quando metástases já estão instaladas em outras partes do corpo. Daí a importância de uma campanha mundial como o Outubro Rosa.

No Brasil, mais de 75% dos mamógrafos estão em clínicas particulares, restritos aos que possuem planos de saúde ou condições financeiras para pagar o exame, o que exclui grande parte da população feminina brasileira. Alguns municípios têm trabalhado pesado para mudar essa situação, disponibilizando acesso às usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) a esse serviço. No Cetus-hospital dia em Betim, por exemplo, já disponibilizamos tratamento quimioterápico, radioterápico e hormonioterápico às pacientes do SUS que já passaram pela etapa do diagnóstico. No ano passado, uma medida tomada pelo governo federal trouxe um novo alento às brasileiras. O Ministério da Saúde anunciou investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões em prevenção e diagnóstico até 2014. A expectativa é de que mais mulheres de norte a sul do país possam se informar e diagnosticar precocemente o câncer de mama. Promover a cultura do autoexame entre mulheres de todas as classes sociais e dar acesso às mais carentes à mamografia é o grande desafio de sociedade e governos. O Brasil pode mudar a sua triste estatística. É preciso investimentos, conscientização e campanhas efetivas para que a vida, pelo menos nessa área, seja realmente cor-de-rosa.