Soluções para medicina estimulam a indústria

Valor Econômico – 18/10/2012

O uso da mobilidade para incrementar a prática da medicina promete ser uma mão na roda para pacientes e um prato cheio para a indústria. Dados levantados pela PricewaterhouseCoopers (PwC) para a GSMA (associação de operadoras de celular) indicam que serviços e aplicativos da chamada mHealth (mobile health – saúde pelo celular) podem gerar receita de US$ 23 bilhões até 2017. A América Latina deve responder por US$ 1,6 bilhão, pouco acima do Japão, com US$ 1,4 bilhão.

O negócio tem atraído grandes players mundiais de Tecnologia de Informação (TI) no Brasil, que concentra metade dos investimentos na região. Mas a maioria das soluções criadas mundo afora ainda não está autorizada no país. Um dos produtos que devem aportar este ano por aqui é o estetoscópio Littman, da 3M, que pode transmitir os sinais captados a distância e permite leitura de dados em smartphones. Por enquanto, segundo o gerente técnico do grupo de saúde da 3M, Ubirajara Araújo, já está em uso por aqui o InCognito, solução odontológica que escaneia a boca do paciente e envia os dados para a produção de aparelhos ortodônticos na Alemanha. “Também queremos trazer para o Brasil solução de gerenciamento hospitalar”, afirma.

A Qualcomm é outra interessada. O presidente mundial da empresa recentemente encontrou-se com a presidente Dilma Rousseff para tratar da expansão das atividades de telemedicina na saúde pública brasileira. A empresa tem uma agenda no país que envolve soluções como um detector manual de câncer de mama e foi uma das parceiras do Comitê Olímpico Brasileiro em Londres, quando os atletas brasileiros contaram com dois robôs e softwares de telemedicina para alimentar smartphones e tablets e monitorar ocorrências que exigissem cuidados extras, enviando dados para especialistas do Centro de Traumas Ryder, na Universidade de Miami, e instituições brasileiras.

A fabricante mundial recentemente juntou suas iniciativas de saúde na Qualcomm Life e criou a 2Net, plataforma de conectividade para dispositivos de monitoramento de doenças ou dispositivos biométricos como medidores de temperatura, pressão, glucose ou ritmo cardíaco.

Para estimular desenvolvedores, disponibilizou um kit de desenvolvimento de software para a criação de equipamentos que permitam o envio de dados de sensores pelo smartphone do usuário e lançou uma premiação que já conta com 200 desenvolvedores inscritos, um deles brasileiro. “O monitoramento online de indicadores pode ajudar a controlar doenças crônicas, maiores ofensores no mundo em custo de saúde”, exemplifica o vice-presidente sênior e presidente da Qualcomm América Latina, Rafael Steinhauser.

A portabilidade é uma das chaves do setor. A GE Healthcare tem dispositivos bacanas como o Vscan, ultrassom portátil do tamanho de um smartphone de 390 gramas indicado para medição e análise em aplicações clínicas de abdômen, cardíaca, urológicas, fetais e obstétricas, entre outras, e para atendimento em áreas de difícil acesso, como regiões rurais. “As tecnologias de mobilidade beneficiam pacientes de regiões remotas”, diz Rogério Patrus, presidente e CEO da empresa para a América Latina.

Outro destaque da marca é o Achilles, equipamento portátil que avalia perda de massa óssea em aproximadamente um minuto: basta o paciente colocar o calcanhar no aparelho, que realiza uma espécie de pré-exame de densitometria óssea por meio de ultrassom. Mais um é o Responder AED, desfibrilador externo leve e fácil de operar que emite comandos sonoros e escritos e pode ser usado até por leigos.

Já o Carescape é um monitor que oferece integração entre dados de monitoramento de pacientes e sistemas de informação hospitalares e pode acessar redes hospitalares, registros médicos eletrônicos, imagens de diagnósticos, resultados de laboratórios e dispositivos de terceiros com dados em tempo real – o médico pode acessar os dados monitorados por meio de celular, tablet ou computador. Para hospitais, clínicas e laboratórios, a empresa oferece soluções para compartilhamento em radiologia e laudos de exames, como o Centricity, aplicativo que permite a radiologistas usar dispositivos móveis como Ipad e Iphone para diagnósticos remotos.