Tem início o III Simpósio Política e Saúde

Teve início, no dia 7 de novembro, o III Simpósio Política e Saúde, evento realizado pelo Cebes para dar espaço à análise de contextos e conjuntura política, além das perspectivas para a democracia, os direitos sociais e a saúde.

Durante o primeiro dia, tiveram destaque os debates levantados durante o painel “Democracia, capitalismo e desenvolvimento no Brasil”, além das discussões colocadas na primeira tribuna do evento, nomeada “Mas qual Projeto de Sistema de Saúde o povo brasileiro quer?”.

“Nosso entendimento é de que a democracia é o caminho principal de confronto com o projeto de desenvolvimento pautado pelo capitalismo, que coloca o ser humano em lugares preteridos, que coloca outros valores, de mercado, de consumo, enfim”, afirmou a presidenta da entidade, Ana Maria Costa, durante a mesa de abertura.

Participaram do primeiro painel, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz e cebiano Ary Miranda, a representante da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde (Ampasa), Carla Carrubba, o representante da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/RJ), Luiz Peixoto, e o Diretor Geral do Instituto Cultiva, Rudá Ricci.

Carla Carrubba falou sobre a tentativa da Ampasa em reverter um quadro de desarticulação entre os membros do Ministério Público que atuam em defesa da saúde publica. “Hoje não conseguimos enxergar o fortalecimento do movimento e estamos trabalhando pra isso. Esse movimento se mantém respirando através do esforço de heróis individuais de cada estado”, afirmou Carrubba.

“Verificamos que é ainda presente a necessidade de quebrar paradigmas sociais desenvolvidos através de valores elitistas, e há grandes dificuldades dos gestores em dividir poder. Isso gera choques de tensão que acabam batendo na porta do MP, que é convidado a se manifestar sobre quem tem razão. Há falta de representatividade e há ausência de responsabilidade legal dos conselhos”, continuou a representante da Ampasa.

Já o representante da OAB, Luiz Peixoto, traçou o histórico da democracia mundial e falou sobre a necessidade de repolitização da prática global: “a política do medo legitima aquilo que era antigamente uma reivindicação da população burguesa como a democracia. Tem a centralização, absolutamente contrária aos direitos. É preciso conjugar a participação representativa com a participação direta”.

O sociólogo Rudá Ricci, Diretor-Geral da Instituto Cultiva, afirmou acreditar que o Brasil vive hoje uma encruzilhada democrática: “de 2005 pra cá nós criamos uma super estrutura do governo federal que controla toda a sociedade brasileira incluindo a orientação para o grande capital via financiamento do BNDS; a tutela das classes sociais menos abastadas via aumento real do salário mínimo e o bolsa família; o controle das organizações populares, incluindo sindicatos via convênios governamentais e criação de fóruns neocorporatisvistas, que é quando as estruturas de representação de território passam a discutir as questões do governo”.

“O problema é que a política de saúde brasileira e todas as tentativas de democratização dos anos 90 estão no primeiro campo, institucional, e são pouco populares quanto as outras. O SUS não está nas ruas! Está no governo, nas faculdades, etc”, concluiu o sociólogo.

Também estiveram presentes na ocasião o vice-presidente do Cebes, Alcides Miranda e os diretores do Cebes, Pedro Carneiro, Maria Lucia Frizon, Lúcia Souto e José Noronha, assim como o primeiro presidente da entidade, José Rubem Bonfim, Luiz Antônio Silva Neves e o professor Nelson Rodrigues. Movimentos Sociais diversos também participaram do evento, como representantes da Mídia Ninja e do Movimento Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos.

O evento
O III Simpósio acontece na sala 53 da UERJ, auditório que recebeu até aqui mais de 200 participantes. O evento é aberto ao público e acontecerá até o dia 9 de novembro, data em que acontecerá a Assembleia Geral da entidade. Confira aqui a programação.