Cooperação entre Brasil e Moçambique vai produzir lotes contra o HIV
Blog da Saúde – 05/01/2012
A partir de 2012, Moçambique representará uma nova fase na luta contra a epidemia de HIV/Aids na África subsariana. Está previsto para o segundo semestre deste ano o início da produção dos primeiros lotes de antirretrovirais da fábrica, fruto de uma parceria com Farmanguinhos. Com isso, o país africano pretende aumentar o acesso às drogas contra a doença e ao mesmo tempo diminuir a dependência internacional. Maputo vai ter o primeiro laboratório da região (excluindo a África do Sul) certificado pela OMS para a produção dos antirretrovirais além de outros medicamentos.
Depois do lançamento dos primeiros antirretrovirais combinados, em 1996, o acesso às drogas nunca deixou de ser desigual. Enquanto as grandes farmacêuticas continuaram investindo em novas fórmulas no Primeiro Mundo, as nações emergentes apostaram no desenvolvimento de genéricos. Já os países pobres assentaram os seus programas de combate à Aids em doações internacionais. Segundo um site português, nos próximos quatro anos o Brasil vai investir 16 milhões de euros nesta fábrica em Maputo e formar cem técnicos, garantindo acesso a conhecimentos que até agora não existiam no país.
Em entrevista ao veículo português, a chefe de Gabinete de Farmanguinhos, Lícia de Oliveira, explicou que o maior ganho será na transferência de conhecimento tecnológico. “Cada vez há mais autores que defendem que os países não se dividem pelas condições econômicas, mas pelo acesso à tecnologia. Temos países que produzem as melhores tecnologias, outros – como o Brasil – que conseguem o acesso a essa tecnologia e estão a transformá-la e países que são apenas consumidores. Queremos elevar Moçambique a país capaz de transformar tecnologia”, ressaltou.
O acordo para a criação da fábrica, com as obras quase concluídas, inclui a transferência de tecnologia de cinco antirretrovirais de primeira linha produzidos na unidade, como a combinação Lamivudina + Zidovudina + Nevirapina, para adultos e crianças. Lícia adianta que, quando a fábrica for reconhecida pela OMS, o país poderá pedir à indústria licenças voluntárias para medicamentos mais avançados, um mecanismo disponível nos países em desenvolvimento, mediante situações de emergência pública. Permite, por exemplo, que a empresa de genéricos sul-africana Aspen tenha conseguido autorização para usar fórmulas da GlaxoSmithKline e da Merck.