SUS: contradição em processo?
Por Carlos Octávio Ocké-Reis
No texto, publicado originalmente no XI Encontro Nacional de Economia da Saúde & VI Encontro Latino Americano de Economia da Saúde, Carlos Ocké identifica quatro desafios no horizonte
do bloco histórico sanitarista e socialista: estratégico, teórico, político e programático. No entanto, o autor é taxativo ao afirmar que os maiores desafios do SUS são políticos.
No processo de universalização, integralidade e equidade da saúde, assegurados pela Constituição Federal, sugiu uma contradição: o polo dinâmico do mercado de trabalho (setores público e privado) não é coberto regularmente pelo SUS. Assim, reconhecer tal fragilidade é o primeiro passo para se refletir como é possível contribuir para superar os problemas estruturais e setoriais, que restringem o alargamento das diretrizes constitucionais.
Carlos Ocké afirma que “tais pressupostos foram e são necessários para a melhoria das condições de saúde da população brasileira e da atenção médico-hospitalar, porém insuficientes para garantir a hegemonia e a legitimidade do SUS, bem como a regulação substantiva do complexo médico-industrial e do mercado de planos de saúde no sistema de saúde brasileiro”.
Carlos Ocké é economista, doutor em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com pósdoutorado pela Yale School of Management (New Haven, EUA). Técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e consultor do Isags (Unasul).