Um exemplo de sucesso
Correio Braziliense – 27/10/2011
O relatório do Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa) destaca o Brasil como exemplo de sucesso em políticas de educação sexual e de controle da natalidade. Segundo o estudo, a abordagem adotada pelo governo brasileiro, que oferece uma grande gama de métodos contraceptivos — desde preservativos e pílulas anticoncepcionais até procedimentos de laqueadura e vasectomia —, de maneira extensiva e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por esse desempenho. A abordagem, avaliam os especialistas da ONU, é uma alternativa mais saudável às que existem em outros países, como Índia e China, onde uma das principais formas de controle da natalidade é o aborto, responsável por pelo menos 8% dos óbitos maternos.
O Programa H, desenvolvido pela organização não governamental Promundo, é apontado pelo relatório como uma iniciativa modelo na promoção da educação sexual como uma arma a favor da igualdade entre homens e mulheres. O projeto trabalha com jovens do sexo masculino sobre formas de se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), em conjunto com questões de gênero, e resultou em uma diminuição significativa da ocorrência de comportamentos de risco.
Ações como essas devem ser estimuladas, gerando benefícios em diversas áreas, prega o relatório. “A educação sexual contribui para a promoção da saúde, para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV, e para evitar gravidezes indesejadas entre jovens, mas também promove normas de equidade entre gêneros e o empoderamento das jovens”, afirma Mona Kaidbey, diretora interina da Divisão Técnica do Unfpa no relatório.
Por outro lado, o país tem um gigantesco desafio a vencer quando o assunto são os assentamentos informais, ou seja, regiões de estabelecimento de população não planejados, como invasões e favelas, que não possuem infraestrutura mínima, como escolas, hospitais e sistema de transporte. Essas regiões acabaram se tornando um desafio financeiro para as administrações públicas. “Conexões com a cidade, com as rodovias, com as escolas, com os hospitais, tudo isso custa ao governo grandes somas de dinheiro”, sustenta o relatório. Segundo dados da ONU de 2006, o Brasil terá, em 2020, 55 milhões de pessoas morando em favelas.
De acordo com Harold Robinson, do Unfpa-Brasil, o país está em um momento decisivo de sua história. “O Brasil está crescente economicamente e deve se tornar uma potência global nos próximos anos”, conta o especialista. Ele defende que o período seja aproveitado pelo país para planejar o futuro. “O padrão populacional brasileiro ainda é de jovens. O país precisa usar a mão de obra atual para eliminar as desigualdades entre as populações e garantir um futuro melhor, quando o perfil da população deve ser mais velho”, conta.