Haddad ataca ‘problemas crônicos’ em SP
O Estado de S. Paulo – 20/12/2011
Em entrevistas, ministro faz críticas às gestões municipal e estadual, mas evita citar Kassab diretamente
O ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, deixou mais claro ontem como pretende polarizar a eleição do próximo ano com o campo tucano-kassabista e com quais armas vai atacar a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Em entrevistas à rádio Estadão ESPN e à TV Estadão, Haddad criticou a gestão do transporte e da educação na capital e disparou até contra o governo estadual ao tratar do ritmo de construção do metrô e a cessão de leitos do SUS aos planos de saúde. Mas o ministro evitou críticas diretas a Kassab, com quem o PT conversa para formar alianças em cidades do interior e em outros Estados.
Em mais de uma ocasião, o ministro sustentou que a cidade vive “problemas crônicos” e disse que “as respostas não estão à altura”. “Entendemos que São Paulo está perdendo oportunidades importantes que o desenvolvimento do País oferece”, afirmou Haddad. “A cidade de São Paulo é uma das maiores regiões metropolitanas do mundo e não somos lembrados por políticas públicas inovadoras.”
A maior parte das críticas se dirigiu à gestão dos transportes. O ministro atacou a atual gestão por não ter dado continuidade à construção de corredores de ônibus – “penso que perdemos tempo nesse período não investindo na questão da rede, que ficou muito prejudicada” – e por uma suposta omissão do Município na descentralização dos investimentos como forma de amenizar os problemas do trânsito. “A Prefeitura não participa da descentralização dos investimentos de maneira a equilibrar a cidade do ponto de vista da residência, serviços públicos, atividade econômica. Isso não é feito de maneira organizada, o que prejudica a mobilidade.”
Ataque ao Estado. O pré-candidato petista atacou também políticas tocadas pelo PSDB no governo estadual. Disse que a construção do metrô “avança a passos muito vagarosos” e disparou contra o projeto de governo paulista de ceder 25% dos leitos do SUS para os planos de saúde. “Temos que sepultar de uma vez por todas a ideia de privatização dos leitos do SUS”, afirmou. Haddad ainda criticou a gestão de equipamentos públicos de saúde por Organizações Sociais (OSs), embora tenha feito exceções às Santas Casas.
Haddad procurou alinhar sua eventual administração com o governo Dilma Rousseff e demonstrar que a capital paulista poderia, com isso, ser beneficiada com mais recursos federais. “Queremos apresentar um programa voltado para o alinhamento com a União. A presidente tem todo interesse em promover parcerias com o município”, disse. “Queremos trazer pra São Paulo a prosperidade que o governo Dilma e o governo Lula propiciaram para o país e que chegou de maneira acanhada (em São Paulo).”
O petista afirmou querer fazer parcerias que tragam investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para a cidade, sobretudo nas áreas de transporte e educação. E elencou uma série de programas do Ministério da Educação que disse ter tentado trazer para São Paulo, mas não obteve sucesso.
“Tivemos pouco êxito em trazer (…) a expansão das universidades e das escolas técnicas federais, da rede física de creches e pré-escolas”, disse Haddad. “Temos um inédito programa federal para expandir o atendimento em creches e pré-escolas, a educação de tempo integral. Já estamos em 15 mil escolas no País, mas não temos parceria com o município (de São Paulo)”.
Cabos eleitorais. Haddad contou ter estado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva há três dias. Segundo o ministro, Lula disse a ele que vai começar a participar de sua campanha em março. Em relação a Dilma, que na semana passada indicou que não se envolverá nas campanhas onde sua base tiver mais de um candidato, Haddad disse não saber se e como ela contribuiria com sua postulação. “Vai ser a primeira eleição da qual ela participa como presidenta. Vamos aguardar e respeitar a maneira como ela conduz. A medida em que ela participará vai depender do estilo dela e nós respeitaremos qualquer decisão”, afirmou.