Doente ajudará a avaliar SUS

Ministro Alexandre Padilha disse no Recife que paciente poderá analisar a qualidade de atendimento a partir do próximo mês

A partir do próximo mês toda pessoa que se internar em hospitais do Sistema Único de saúde no País será ouvida pelo Ministério da saúde sobre a qualidade do serviço. A novidade, anunciada ontem, no Recife, pelo ministro Alexandre Padilha, é mais um mecanismo, segundo ele, de controle de repasses financeiros e da qualidade.

“No SUS deve haver obsessão pela qualidade. O usuário vai receber uma carta em casa, informando os procedimentos realizados na internação e quanto o Ministério da saúde pagou pelo serviço. Poderá confirmar o atendimento ou não e avaliar a qualidade”, disse Padilha, após a inauguração da Policlínica de Água Fria, da rede municipal do Recife, e do primeiro Banco de Multitecidos (para transplante e enxertos) do Norte/Nordeste, no Imip.

O ministro da saúde explicou que a avaliação dos usuários vai ajudar o governo a gerar relatórios semestrais, “identificando os principais gargalos da internação no País, que devem ser enfrentados em conjunto pelo ministério, Estados e municípios”. Fontes do ministério explicam que essa avaliação do usuário já funcionou em outro momento por meio de amostragem. Agora será para todo paciente que se hospitalizar e também para usuários de procedimentos especiais, como hemodiálise, por exemplo.

Padilha assinou ontem portaria autorizando incentivo de R$ 2 milhões para o Imip. O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira é o primeiro filantrópico do País a receber o novo estímulo do ministério. “Todo filantrópico que for 100% SUS como o Imip, terá recursos extras, acréscimo de 20% no faturamento”, afirmou Padilha. O Imip já recebia R$ 1,3 milhão de incentivo do ministério por ser unidade de ensino. Agora, atinge R$ 2 milhões por mês com os cerca de R$ 700 mil agregados por ter a totalidade de seus leitos voltados ao SUS. Além do Imip, o Tricentenário, de Olinda, teria a mesma condição no Grande Recife.

Segundo o ministro, hoje 54% dos leitos do SUS estão em hospitais filantrópicos. “Queremos avançar cada vez mais, daí o estímulo”, disse, no Imip, no início da noite de ontem. Alexandre Padilha reconhece déficits de leitos em algumas especialidades e afirma que o ministério também tem apostado na internação domiciliar. “Ultrapassamos a meta deste ano, que era ter 100 equipes do Melhor em Casa. Já chegamos a 120”, informou, referindo-se ao serviço que dá suporte a pacientes crônicos, evitando a hospita-lização.

TRANSPLANTE

O diretor médico do Imip, Geraldo Furtado, disse que o aporte do ministério ajudará no custeio da unidade que já tem 1.008 leitos. “No passado, o incentivo por ser hospital-escola representava 30% do faturamento, hoje equivale a 11%, por isso é importante que alcancemos os 20%”, afirma.

O Banco de Multitecidos, que deixa o Imip como maior referência no Norte e Nordeste, conforme avaliação do ministro da saúde, vai captar córnea, pele, ossos e tendões. A ideia é convencer famílias de doadores cadáveres a disponibilizarem também esse material quando autorizarem a retirada de órgãos. Será aproveitada a pele das costas, de parte anterior de coxas e pernas, não deixando deformidades no corpo. Os ossos serão de membros inferiores.

Do Jornal do Comércio