Uma em seis pessoas com implante em artéria volta ao hospital
Folha Online – 28/12/2011
Uma em cada seis pessoas que colocam um stent (implante para desobstruir artérias) acaba voltando ao hospital em menos de 30 dias.
É o que mostra um estudo com 37 mil pacientes do Estado de Nova York, publicado no “Journal of the American College of Cardiology”.
Segundo os autores, as taxas de readmissão são altas. A maioria (80%) das novas idas ao hospital não foi programada. As causas foram doença cardíaca crônica, dor no peito e falência cardíaca.
Além disso, 42% dos retornos não planejados ocorreram uma semana após o procedimento, e uma em cada três internações resultou na colocação de um novo stent.
A pesquisa é a primeira a identificar os fatores de risco para as readmissões após esse tipo de procedimento, feito, em geral, quando os médicos percebem uma obstrução nas artérias coronárias.
Ter diabetes, problemas renais, enfisema e arritmia cardíaca aumenta o risco de voltar ao hospital depois da colocação do implante.
Mulheres com mais de 65 anos também têm maior chance de voltar ao hospital –a idade avançada, em geral, é acompanhada de doenças associadas, e as mulheres têm o risco cardíaco aumentado após a menopausa.
Editoria de arte/folhapress
Segundo Edward Hannan, professor da Universidade de Albany, nos EUA, e autor do estudo, é importante conhecer os fatores de risco para dar atenção especial a certos pacientes.
Ele diz que é preciso coordenar melhor os cuidados pós-internação e, talvez, manter as pessoas por mais tempo no hospital depois de pôr o stent.
Segundo Carlos Costa Magalhães, membro da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), a maioria das readmissões ocorre porque a pessoa para de tomar os remédios.
“Muitas vezes o médico libera o paciente e não dá muita ênfase à importância da medicação para o sucesso do procedimento. Alguns acham que não precisam mais de remédio, não precisam mais controlar a pressão”, afirma.
Em geral, os pacientes precisam tomar aspirinas e remédios antiplaquetários para impedir a formação de coágulos dentro do stent e uma nova obstrução da artéria, de acordo com o cardiologista.
Outro ponto que deve ser enfatizado com o paciente é o controle de outras doenças associadas e o cuidado com os fatores de risco já conhecidos para doenças cardíacas, como obesidade, hipertensão e colesterol alto.
Magalhães afirma ainda que não há muitos estudos similares para comparar essa taxa de internação vista em Nova York com outros países, incluindo o Brasil.
“Esse estudo deve puxar outros trabalhos semelhantes e servir como baliza para os serviços de hemodinâmica a respeito da evolução dos pacientes pós-stent”, acrescenta.