‘Mais Médicos deve render dividendos eleitorais à Dilma’
Patrycia Monteiro Rizzotto/ Brasil Econômico
Pesquisa realizada pelo instituto Data Popular aponta que o programa Mais Médicos, lançado em julho do ano passado pelo Governo Federal, conta com a aprovação da maioria da população brasileira, sobretudo entre os cidadãos das classes C, D e E, o que tende a favorecer a presidente Dilma Rousseff nas urnas. De acordo com o levantamento, 76% se dizem favoráveis à iniciativa de trazer médicos estrangeiros para prestar serviços de atendimento à saúde da população do país, em oposição a um percentual de 23% que se posicionou contra a medida e 1% que se absteve. Além disso, 80% dos entrevistados afirmam que faltam médicos no Brasil, enquanto 16% discordam da afirmação e 4% não sabem opinar sobre o tema.
Vale ressaltar que a percepção de que há escassez de médicos no país é maior entre as pessoas das classes C, D e E. Na classe C, 87% dos entrevistados concordam com a afirmação de que faltam médicos no Brasil; entre os representantes das classes D e E, o índice é maior, 89%. A vinda de médicos do exterior para prestar atendimento básico à saúde no Brasil é bem vista por 76% dos membros da classe C e por 78% pelos representantes das classes D e E.
A pesquisa, que foi realizada no mês de dezembro com 3 mil pessoas de todas as classes sociais em 150 cidades das cinco regiões do país, indica ainda que os brasileiros são favoráveis à oferta de serviços públicos gratuitos na área da saúde para todos os cidadãos. Entre os entrevistados, 61% defendem a gratuidade a todos nos hospitais e postos de saúde, enquanto 30% defendem que o acesso gratuito deveria ser restrito aos mais pobres. Por outro lado, 4% defendem que o governo deveria bancar metade dos gastos com a saúde para os mais pobres e outros 4% são a favor de que o governo arque com 50% das despesas da saúde para todos os brasileiros.
Em relação à aquisição de medicamentos, 52% afirmam que o governo deveria oferecer remédios gratuitos para toda a população, enquanto 32% dos entrevistados acham que os medicamentos gratuitos deveriam ser oferecidos apenas aos mais pobres. Exatos 87% defendem que o governo deveria pagar metade dos gatos com remédios para todos os brasileiros e outros 77o são a favor de que o governo custeie metade desses gastos apenas com o mais pobres.
Em relação ao salário de R$ 10 mil mensais, oferecido aos médicos que aderiram ao programa, 17% consideram o valor alto para esses profissionais, 46% consideram adequado, e 36% consideram baixo. O curioso é perceber que essa mesma remuneração é tida por 51% dos entrevistados como adequada para um professor, sendo considerada baixa para os profissionais da educação na opinião de 17% dos entrevistados e alta por 32% deles.
“Como toda política pública bem acolhida pela população, o programa Mais Médicos tende a gerar dividendos políticos eleitorais”, afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do Datapopular, mencionando que o projeto pode reverter votos para a presidente Dilma Rousseff na próxima eleição presidencial entre os eleitores que aprovam e apoiam o projeto.
“Dependendo da capacidade da equipe de comunicação, o programa pode contribuir, também, para a campanha do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deve se candidatar ao Governo de São Paulo”, completa.
Segundo Meirelles, a melhoria na saúde pública foi uma das reivindicações das manifestações realizadas em junho do ano passado e a população enxergou no Mais Médicos uma iniciativa positiva lançada para suprir a carência de profissionais no país.
De acordo com o cientista politico Antônio Lavareda, o Mais Médicos não tem o mesmo vigor eleitoral do Bolsa Família, mas deve contribuir para a campanha da reeleição da presidente Dilma. “O Bolsa Família teve um grande impacto econômico no país, favorecendo não apenas seus beneficiários. Contribuiu para dar uma dinâmica positiva na economia de diversos municípios”, reflete.
Para Lavareda, nem as recentes deserções de médicos cubanos do programa e o viés ideológico levantado pelos críticos do projeto conseguiram ofuscar à percepção positiva do Mais Médicos entre a população assistida das periferias e do interior do Brasil.