Cuba anuncia aumento de até 200% a médicos e enfermeiros
Reuters/Folha de S. Paulo
Medida não interfere no valor pago pelo Brasil pela participação no programa Mais Médicos
Cuba anunciou ontem aumento salarial entre 100% e quase 200% para os 440 mil profissionais da área médica (médicos e enfermeiros), inclusive os 50 mil que atuam no exterior. O Brasil tem hoje 11,4 mil médicos cubanos no programa Mais Médicos.
O argumento é que os profissionais que estão no exterior levam divisas para o país.
E que é preciso melhorar os serviços prestados dentro da ilha –com a política de envio de mão de obra qualificada ao exterior, muitos cubanos se queixam de que piorou o atendimento médico gratuito dentro do país.
O aumento salarial, que entra em vigor em maio, diz respeito à parcela da remuneração que os profissionais recebem em Cuba.
Essa medida não interfere no valor pago pelo Brasil a Cuba pela participação no Mais Médicos.
O contrato firmado entre o governo brasileiro e a Opas (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas) prevê que, da bolsa mensal de R$ 10.457,49 por médico, os cubanos recebem, no país, cerca de R$ 3.000. O restante é transferido a Cuba, que gerencia o dinheiro.
O valor de R$ 3.000 entrou em vigor neste mês, após o Brasil negociar com Cuba um aumento na remuneração paga diretamente aos médicos e também uma mudança no modelo de pagamento. Antes, eles recebiam US$ 400 no Brasil e outros US$ 600 em uma conta em Cuba.
Agora, o valor reajustado para US$ 1.245 (cerca de R$ 3.000) será recebido pelos profissionais no Brasil.
A mudança foi uma tentativa do governo de responder a uma das principais críticas ao Mais Médicos: a baixa remuneração dos cubanos em relação aos demais integrantes do programa.
Com exceção dos cubanos, os médicos do programa recebem diretamente a bolsa mensal de R$ 10.457,49.
Médicos enviados ao exterior ganham várias vezes mais do que seus colegas que permanecem em Cuba –que recebem, em média, US$ 30 por mês, cerca de R$ 70.
A exportação de serviços médicos é a principal fonte de divisas para o regime comunista, e o governo estimou que em 2014 isso gere US$ 8,2 bilhões (cerca de R$ 19 bilhões), equivalente a 40% de todas as exportações cubanas em 2013.
Havana assina contratos com governos estrangeiros para enviar médicos, ficando com a maior parte da remuneração. Os profissionais que servem no exterior recebem, em geral, salários entre US$ 200 (R$ 464) e US$ 1.000 por mês (R$ 2.323).