Cebes, Cesau, Rede Unida e Abrasco realizam debate com candidatos ao governo do Ceará

O encontro aconteceu no dia 12 de setembro com a presença de dois dos seis candidatos que estão na disputa: Ailton Lopes do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Mikaelton Carantino do Partido da Causa Operária (PCO), atuantes do campo da esquerda. Respondendo a perguntas das entidades organizadoras do debate, os dois candidatos se posicionaram contra a Emeda Constitucional 95 e defenderam um modelo de gestão que priorize a administração direta.

O candidato do PSOL disse que o “congelamento de gasto com saúde e educação por 20 anos é grave prejudicando não só os novos investimentos, mas a manutenção da rede”. O Candidato do PCO afirmou que “a terceirização no estado do Ceará é gigantesca”, tornando-se um problema de gestão, enfraquecendo os sindicatos e tem dificultado a luta dos servidores por melhores salários. Concordando com Ailton, Mikaelton defendeu que “100% da rede seja concursada”, acabando com a terceirização. Ailton afirmou que é inaceitável qualquer outra forma de contratação que não seja por concurso público e prometeu que, se eleito, criará uma nova carreira para os profissionais de saúde do estado.

O Candidato do PSOL destacou que o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), uma Organização Social (OS), consome 30% do orçamento público em saúde do estado do Ceará, e que em um prazo de dois anos, como está no programa do partido, promoverá, para não prejudicar a população, uma transição com saída gradual deste sistema terceirizado para administração direta do estado. “O modelo da Organização Social (OS) não tem transparência e a população não sabe como o recurso está sendo utilizado”, pontuou. Ailton defendeu o Controle e a Participação Social e popular argumentado que na administração via OS este princípio do SUS não é respeitado. A gestão por meio de OS também não garante qualidade, eficácia, eficiência e efetividade no atendimento, complementou o candidato. Mikaelton também falou da importância dos Conselhos de Saúde, mas, segundo ele os conselheiros são escolhidos “por indicação de cima para baixo”.

Para o candidato do PSOL é importante a criação de um Núcleo de Gestão de Saúde junto a Escola de Saúde Pública do Ceará e capacitação dos profissionais para atuarem na gestão pública. O Candidato destacou que, o “estado atue como coordenador do cuidado tendo a Atenção Primaria como organizadora de toda a linha de cuidado, para não haver desperdício de recurso e se tenha uma boa gestão e maior eficácia no atendimento”. Ele ainda afirmou que vai fortalecer da Rede de Assistência Psicossocial, combatendo a lógica manicomial, com o fortalecimento dos Caps.

Nas considerações finais, o candidato Mikaelton Carantino do PCO advertiu que as eleições ocorrem de quatro em quatro anos, mas os problemas continuam os mesmos. “Os problemas não se resolvem, os problemas não serão resolvidos com um super-herói como o governador”, mas sim com a luta do povo na rua.

O candidato Ailton Lopes do PSOL criticou as “ausências significativas” não só a este debate, mas a outros de TV, de candidatos que tem estrutura milionária de campanha com uso de jatinhos. Ressaltou o compromisso histórico em defesa do SUS dos profissionais e conselheiros de saúde presentes ao debate, que “os militantes não devem desanimar porque é isso que eles querem para passar em cima de nós”. O candidato observou que o SUS está vivo porque muitos lutaram e ainda lutam pelo movimento da Reforma Sanitária e que o PSOL tem compromisso com projeto de uma sociedade mais justa. Afirmou que seu partido tem um pacto com os movimentos de usuários e profissionais para que o SUS continue com os seus princípios. “A gente não vai desistir considerando nossa história e convoco todo mundo para continuar na luta”, concluiu.

Ao final, Pedro Alves de Araújo Filho, presidente do Conselho Estadual de Saúde (CESAU) e mediador fez a leitura da Carta das Entidades Promotoras do Debate aos(às) Candidatos(as) às Eleições 2018, que teve como matriz a Carta do CNS acrescida de questões e posicionamentos do Estado do Ceará. O documento foi entregue em mãos aos candidatos presentes e encaminhada por e-mail aos candidatos ausentes ao encontro.

Aiton Lopes é servidor público do Banco do Brasil e candidato a governador do Ceará pelo PSOL pela segunda vez.

Mikaelton Carantino é professor de matemática do ensino médio da Rede Estadual de Ensino e candidato do PCO a governador do Ceará pela primeira vez.

Não compareceram ao debate: Camilo Santana (PT), candidato a reeleição; General Theophilo Gaspar (PSDB); Francisco Gonzaga (PSTU) e Helio Gois (PSL).

Segundo a única pesquisa ao governo do Ceará, feita pelo IBOPE, em 16 de agosto, Camilo Santana (PT), tinha 64% de intenção de voto. Em segundo lugar vem o General Theophilo Gaspar (PSDB) com 4%. Em terceiro estão empatados Aiton Lopes (PSOL),  Francisco Gonzaga (PSTU) e Helio Gois (PSL) com 2% de intenção de voto. Mikaelton Carantino (PCO) não pontuou.

 

Lizaldo Andrade Maia (Núcleo CEBES-CE)
Maria Rocineide Ferreira da Silva (REDE UNIDA)
Pedro Alves de Araújo Filho (CESAU)
Com a colaboração de Maria Sonia Lima Nogueira  e Francisco Wagner  Pereira Menezes (Núcleo CEBES-CE)