Considerações sobre o fascismo

O fascismo e sua variante, o nazismo, surgem em países que, no interguerras, eram países capitalistas periféricos, que se encontravam em profunda crise em conseqüência da 1ª guerra. Apresentam -se com posição antissistêmica, isto é, antagonista ao sistema político vigente, e como possibilidade de desenvolvimento econômico. Originalmente, surgem como movimento das classes médias, mas logo são cooptados pela elite econômica, que passa a instrumentalizá-los para garantir seus interesses.

Assim, uma das características do fascismo é o controle do estado para atender aos interesses da burguesia. Na época, esse controle era feito pela intervenção do estado na economia. Em regimes fascistas mais recentes, o estado é, ao contrário, controlado para não intervir na economia, impondo-se o modelo econômico neoliberal; por essa diferença, são chamados neofascistas. Nos dois casos, o estado está a serviço do poder econômico dominante, opõe-se aos movimentos operários e os reprime.

Além da dominação burguesa, são características do fascismo o nacionalismo, o totalitarismo, o militarismo e o racismo.

O PT pode ser considerado nacionalista no sentido de defender os interesses nacionais, mas não no sentido outro que têm o nacionalismo no fascismo.

No fascismo, o nacionalismo tem um caráter racista: nação não é só o povo que habita um território, mas a fração desse povo que se toma por uma raça superior (no caso Bolsonaro, o patriarcado branco).

Para o nacionalismo fascista, a nação é concebida como um todo indivisível, daí o totalitarismo. Na democracia, ao contrário, aceita-se que a sociedade é dividida em grupos com interesses diferentes e conflitantes; ou seja, é dividida em partes, daí os partidos que as representam. Tais conflitos são mediados pelas instituições democráticas, nas quais os partidos se enfrentam como adversários, respeitando as regras do jogo democrático.

No fascismo, os opositores ao regime não são vistos como adversários em um jogo, e sim como inimigos a serem eliminados (vamos metralhar os petralhas). O fascismo governa com partido único; ora, se é único não é partido, é todo, é governo totalitário.

Quem acusa o PT de dividir a sociedade entre nós e eles, está assumindo essa posição fascista, ao negar a existência dos conflitos e ao querer eliminá-los.

Como não adianta negar, pois a realidade dos conflitos teima em reaparecer na sociedade, a única forma de controlá-los é pela força. Aí que entra o militarismo: para garantir a unidade nacional é preciso a força das armas para suprimir as divergências. Armas dos militares e das milícias.

Adeus liberdade.

Pergunta-se: qual dos candidatos nega o conflito, assume o racismo, despreza os partidos, tem apoio militar e defende os interesses da elite econômica? Quem é o fascista?

Eliana Melo Barison – Médica Pediatra, Bacharel em Filosofia, Dra. em Medicina Preventiva