Operativa da Frente pela Vida e CNS debatem o pós-Conferência Livre Democrática e Popular de Saúde, na luta por um SUS 100% público

Independentemente do resultado do pleito presidencial de 2022, a Frente pela Vida deve continuar mobilizada e lutando por um SUS 100% público, carreira de Estado para Saúde e regionalização das políticas de saúde, dentre outras pautas. Operativas da Frente pela Vida e o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, participaram do Cebes Debate dessa segunda (29) para conversar sobre os passos atuais e futuros do movimento após a Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde, realizada em agosto. Além de Pigatto e da presidenta do Cebes, Lúcia Souto, compareceram Rosana Onocko (Abrasco), Túlio Franco (Rede Unida), Elda Bussinguer (SBB). A mediação foi de José Noronha, diretor do Cebes.

No final de agosto, a operativa da Frente pela Vida oficializou apoio à chapa Lula-Alckmin para as eleições presidenciais deste ano. O candidato Lula já havia recebido uma carta na Conferência com as propostas para a saúde do movimento sanitário para a reestruturação da saúde no Brasil. Segundo Lúcia Souto, o momento atual da Frente é de articulação com ativistas e movimentos sociais diversos para que a sociedade eleja “uma grande bancada de parlamentares que dê sustentação a uma base social e política para essa agenda de reconstrução e recordação do Brasil”. 

A presidente da Abrasco, Rosana Onocko, explicou que a defesa de um SUS 100% público não significa que a Frente defende a estatização de todos equipamentos de saúde, como hospitais privados. A proposta é para ampliação de leitos públicos no SUS, acabar com isenção fiscal para hospitais privados e do uso de Organizações Sociais (OS), que, nas palavras dela, “fragmentou as redes de cuidados e vulnerabilizou trabalhadores de saúde”. “Nosso slogan recusa esse modelo privatista, que é fragmentado. Nossa provocação chama atenção para a necessidade de aumento da verba pública da União, da transferência direta de investimento público aos municípios e da carreira pública”. 

Túlio Franco argumentou também que a proposta por um SUS 100% público também envolve a mudança de mentalidade da sociedade. “O pensamento hegemônico hoje é neoliberal e, sendo neoliberal, não suporta essa proposta. Nós somos uma outra correlação de forças, uma outra política econômica que inclui reforma tributária com taxação de grandes fortunas e que o pré-sal volte a financiar a saúde e educação”.  Para essa mudança de mentalidade, Túlio disse que a ação da Frente pela Vida é fundamental. 

Para perseguir o objetivo de um SUS 100% Público, Elda reforçou a necessidade de o Brasil eleger a chapa Lula-Alckmin para a presidência da República, além de um grupo de parlamentares que possa dar sustentação a essa tese. “As entidades da Frente pela Vida têm uma responsabilidade tremenda de conseguir falar a língua do povo, falar uma linguagem simples para que possa chegar ao coração e as mentes das pessoas. Caso contrário, todo um discurso, uma teorização em cima do SUS 100% público não alcançará as pessoas que precisam estar nessa luta comigo conosco”. 

Pigatto fez coro à necessidade de mobilização. “Se nós não tivermos organização popular, não vai ser dentro de uma sala que a gente vai resolver tudo. Mesmo com um cenário adverso no Congresso Nacional, já tivemos vitórias. Não tem outra forma, gente”. O presidente do CNS então lembrou da importância de ações como da comissão de educação permanente pelo controle social no SUS, por exemplo. “A gente sabe que conscientização é difícil. A transformação é um processo lento. As lutas são cotidianas. Então a gente tem que fazer tudo ao mesmo tempo agora, como dizia uma música do Titãs“. Concluiu: “nós não vamos parar independente do resultado eleitoral. A luta continua. Eu acredito que há possibilidade de a gente mudar com relação de forças”. 

O programa pode ser assistido na íntegra no link ou a seguir: