Solidariedade e consciência ao Rio Grande do Sul

Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas. O que a tragédia gaúcha explica sobre eventos climáticos extremos e a saúde da população. Texto de Fernanda Regina Cunha. 

O desastre provocado pelas chuvas no Rio Grande Sul tem mobilizado muitos brasileiros em movimentos de solidariedade e voluntariado para ajudar aos atingidos. É um movimento legítimo e necessário, mas que muitas vezes traz o discurso de que não podemos “politizar” a tragédia. 

Por não politizar podemos entender que estamos lidando com um fenômeno natural, isolado e imprevisto. Não é! Há anos os alertas sobre a emergência climática vêm sendo solenemente ignorados como se fossem teorias conspiratórias de ambientalistas e comunistas. 

O negacionismo climático vem ampliando a crise ambiental e sanitária que não parece nos oferecer outra saída no atual estágio que não inclua mudanças drásticas no atual modelo econômico do planeta. No Rio Grande do Sul, o alto volume de chuvas neste período foi previsto com antecedência, inclusive com previsões pluviométricas. Porém, a inoperância dos poderes responsáveis provavelmente tornou a proporção do desastre muito maior. 

Para se ter uma ideia, durante o ano de 2023, a Prefeitura de Porto Alegre não investiu um centavo sequer em prevenção de enchentes. Essa é uma informação publicada pelo site UOL, pelo jornalista Felipe Pereira, mas que também pode ser conferida no Portal da Transparência. 

Por falar em 2023, ele foi o ano que marcou a elevação dos números em todos os indicadores climáticos, como temperaturas globais, concentração de gases com efeito de estufa, conteúdo de calor dos oceanos, subida do nível do mar, acidificação dos oceanos, gelo marinho do Ártico e Antártico, manto de gelo e glaciares da Groenlândia e cobertura de neve, precipitação e ozônio estratosférico, entre outros. São informações que podem ser verificadas no relatório “Estado do Clima Global em 2023”, divulgado pelas Nações Unidas.  

Crise de saúde – Neste momento, as cidades gaúchas afetadas enfrentam os riscos da água contaminada com a possibilidade de surto de dengue e contaminações como leptospirose, tétano e hepatite. São 414 municípios afetados, com pessoas ainda em situação de extrema vulnerabilidade por falta de água potável, acesso aos serviços de saúde, contato com água contaminada e diversos outros fatores que esbarram fortemente no conceito ampliado de saúde. 

As consequências dos eventos extremos afetam diretamente a saúde da população e estamos tendo uma amostra de como isso acontece. Porto Alegre neste momento também vive uma escalada de violência, o que fez inclusive com o que o governador Eduardo Leite solicitasse apoio da Força Nacional de Segurança. 

Ainda não se sabe exatamente a realidade dos números, mas até o momento são confirmadas 95 mortes e 128 desaparecidos. A estimativa da defesa civil é que mais de 1,4 milhão de pessoas tenham sido afetadas. Sem contar os impactos na pecuária e na agricultura que ainda estão sendo contabilizados. 

Os rigores do clima atuam diretamente na saúde da população e os primeiros atingidos são os mais pobres. O enfrentamento precisa necessariamente passar por políticas públicas e uma ação estratégica de combate ao negacionismo e à desinformação a respeito das mudanças climáticas. Ela já não pode mais ser encarada como algo distante, mas sim como a consequência de um sistema de exploração cuja conta, como sempre, quem paga somos nós, os trabalhadores. 

Mais chuvas devem atingir a região 

A defesa civil do Rio Grande do Sul emitiu um novo alerta para esta quarta-feira (8) para “chuvas pontualmente fortes, descargas elétricas, eventual queda de granizo e rajadas intensas de vento sobre o Sul, Costa Doce, Campanha, Oeste, Centro e Missões”. 

Como ajudar: 

MST (Movimento dos (as) Trabalhadores (as) Sem Terra):

PIX: 09352141000148
Banco: 350
Agência: 3001
Conta: 30253-8
CNPJ: 09.352.141/0001-48
Nome: Instituto Brasileiro de Solidariedade

MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens

PIX (CNPJ): 73.316.457/0001-83
Banco do Brasil: 001 Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB)
Agencia: 1230-0
Conta Corrente: 118.806-2
IBAN: BR7800000000012300001188062C1
SWIFT: BRASBRRJCTA

MTST (Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem-Teto

PIX: enchentes@apoia.se
Banco: Itaú
Agência 4300
Conta Corrente: 99707-1
APOIA.SE: https://apoia.se/enchentesrs

Divulgação MST-RS
Crédito: Oussama El Ghaouri | repórter da Rádio Nacional