Médicos fazem greve contra planos de saúde e protestos nesta 5ª (7)

São Paulo – O Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta quinta-feira (7), terá uma greve de médicos em todo o país e protestos da categoria em São Paulo. A paralisação será de 24 horas, atingindo apenas o atendimento de pacientes de planos e seguros de saúde. Casos de urgência e emergência serão garantidos. Os médicos reivindicam o fim do que consideram ingerências das operadoras, além de garantia de direitos dos pacientes e remuneração digna.

“Os planos de saúde, de uma maneira geral, tem interferido muito na autonomia dos médicos, dificultando o acesso a exames e procedimentos hospitalares e tentando diminuir o tempo de internação, o que fere claramente o direito do paciente”, acusou o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes.

Segundo ele, entre as reivindicações dos médicos estão o pedido de autonomia profissional, o respeito às condições de trabalho sem interferência dos planos, o estabelecimento de um contrato de prestação de trabalho onde estejam claras as informações sobre formas de admissão e demissão dos médicos, o reajuste de ganhos e de remuneração e a revisão periódica e anual desse reajuste.

“Há convênios que pagam menos de R$ 25 por uma consulta. E temos um custo operacional para manter o consultório – com telefone, água, imposto, secretária, limpeza etc – que está em torno de R$ 19, por consulta”, calculou Carvalhaes. O valor médio pago é de R$ 27, segundo a entidade.

Outra reclamação dos médicos relaciona-se ao papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão regulador dos planos de saúde, cuja fiscalização fica aquém do desejado. Um exemplo disso é que, de 2000 a 2011, os planos de saúde foram reajustados, em média, em 133%, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada no período fica em 106%.

A ANS afirma que não tem como atribuição definir valores referentes ao pagamento das operadoras pelos serviços realizados por prestadores de serviços de saúde e que tem conduzido grupos de trabalho para tratar da remuneração de hospitais e honorários médicos para facilitar o diálogo entre as partes. “Quanto ao movimento que será promovido pela Associação Médica Brasileira, no dia 7 de abril, a ANS entende que é papel das entidades médicas lutar pelos direitos dos profissionais”, declarou a agência reguladora, em nota.

O protesto tem apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Fenam e da Associação Médica Brasileira (AMB). Há 160 mil médicos trabalhando atualmente na saúde suplementar no país, atendendo a 45,5 milhões de usuários de planos de assistência médica. Por ano, são realizadas cerca de 223 milhões de consultas e 4,8 milhões de internações por meio de planos de saúde.

A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa os planos de saúde institucionalmente, afirmou à Agência Brasil que não faz parte de suas atribuições discutir a remuneração de servidores. A negociação depende das partes, segundo o órgão, porque fatores como região, modalidades, especialidades médicas, carteira etc. são diferentes para os 1.061 planos de saúde que operam no Brasil.

A paralisação ocorrerá em todo o Brasil, e os médicos avisam que serão suspensas todas as consultas previamente agendadas. As consultas marcadas para o dia 7 serão remarcadas. Em São Paulo, a concentração do movimento terá início às 9h, na rua Francisca Miquelina, 67, no centro da capital. De lá, os manifestantes farão uma caminhada até a praça da Sé.

Viomundo e Agência Brasil