Portadores de doenças do sangue sofrem com mau atendimento e acesso a medicamentos

Enfrentar a vida com algum tipo de enfermidade do sangue, como hemofilia ou anemia falciforme, poderia ser mais fácil para milhares de brasileiros que convivem com esta situação se não tivessem a difícil tarefa de obter acesso a medicamentos de alta qualidade e de lidar com o raso conhecimento médico no atendimento primário de saúde. Esta é uma constatação da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), que realiza até hoje (08/11) em Brasília o Congresso Brasileiro de Hematologia e Hemotarepia (Hemo 2010).

Para o presidente da ABHH, Carmino Antônio de Souza, o paciente mais maltratado no país é o portador de leucemia aguda, por ser longo e caro o tratamento e pelo ressarcimento feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos profissionais ser irrisório. “É uma área em que o conhecimento técnico no Brasil é muito bom, mas a condição de tratamento é muito ruim”, disse.

Outro universo que encontra problemas no Brasil é dos linfomas, grupo que inclui mais de 60 tipos de doenças. Carmino denuncia que, embora já exista medicamentos avançados e licenciados pelo governo, o tratamento não chega ao paciente.

– O governo reluta e atrasa demais o desenvolvimento do medicamento no Brasil. Não há nenhuma perspectiva de que isso mude em um curto espaço de tempo. O caso é o mesmo para portadores de mieloma múltiplo, um tipo de câncer que se desenvolve na medula óssea e que tem se manifestado de forma mais frequente com o envelhecimento da população brasileira. O tratamento é extremamente defasado em sua qualidade, apesar do conhecimento brasileiro e da disponibilidade de fármacos no Brasil.

De acodo com dados da ABHH, cerca de 40% da população mundial apresentam algum tipo de anemia, doença provocada por baixa quantidade de ferro no sangue. O diagnóstico e a orientação deveriam ser feitos no atendimento primário, uma vez que a maioria dos pacientes não precisa procurar um especialista. Mas, segundo Souza, não é isso que ocorre no Brasil.

– Um grande problema que temos ainda está ligado à orientação médica e à eficiência do sistema primário no encaminhamento precoce desses pacientes. Alguns doentes demoram anos para serem encaminhados a hematologistas e quando procuram os centros especializados, já estão com a saúde gravemente comprometida, desabafa Carmino.

Fonte: Agência Brasil